104.ª Assembleia Geral do Comité Europeu do Ensino Católico

Decorreu em Tirana, nos dias 21 e 22 de março de 2025, a 104.ª Assembleia Geral do CEEC (Comité Europeu do Ensino Católico), com a presença de 38 delegados de 18 países europeus.

Nestes dois dias, além dos laços que se cimentam entre as delegações, fica-se a conhecer melhor a situação das escolas católicas europeias, em especial a realidade das escolas católicas da Albânia – um país que esteve, até 1991, sujeito ao domínio comunista, que baniu a religião do espaço público.

Também se aprofundou, em grupos de trabalho, o papel das escolas católicas na Europa, perante os múltiplos desafios que se apresentam, quando estão a viver circunstâncias muito particulares.

Outro assunto tratado é o referente à liberdade de educação, sentida de modos diferentes por cada país, mas a exigir de todos os governos alterações profundas de mentalidade, de forma a cumprir-se o direito natural de os pais poderem escolher a escola para os seus filhos, sem encargos adicionais.

Portugal foi representado por Fernando Moita, diretor do SNEC, e Fernando Magalhães e Jorge Cotovio, presidente e secretário-geral, respetivamente, da APEC.

O primeiro dia da Assembleia Geral do CEEC (Comité Europeu do Ensino Católico) começou com a apresentação da realidade da Escola Católica albanesa, marcada por 47 anos de um governo manifestamente ateu, só readquirindo a liberdade religiosa a partir de 1991. Desde então, criaram-se condições para que cerca de três dezenas de escolas católicas possam educar para cima de cinco mil crianças e alunos desde a creche ao ensino secundário, numa sociedade ainda marcada pelo ateísmo radical da época comunista e pelos problemas inerentes ao secularismo e às dificuldades económicas, que privam muito pais de inscrever os filhos nas escolas católicas.

No período atribuído à partilha de informações sobre a situação da Escola Católica em cada país, foi patente a questão premente da identidade da Escola Católica, afetada pela descristianização, pelo reduzido apoio financeiro dos governos, pela falta de professores, pelo acentuado decréscimo das vocações religiosas, acompanhado pela dificuldade crescente em se encontrarem lideranças identificadas com o carisma das instituições. Ademais, juntam-se os desafios da interculturalidade e da interreligiosidade, mais sentidos nos países da Europa central, e as incertezas decorrentes da inovação tecnológica e da Inteligência Artificial.

A outro nível, deu-se conta de iniciativas conjuntas que estão a ser desenvolvidas em prol das liberdades de aprender e de ensinar, a fim de a escola católica poder, efetivamente, abrir-se a todos os que a desejam, privilegiando os mais débeis.

De França ouviram-se ecos do projeto “Le label Ouverture Internationale”, em articulação com o Pacto Educativo Global, procurando que as escolas católicas sejam “abertas ao mundo”, formando cidadãos capazes de compreender e contribuir para a construção de um mundo mais fraterno e solidário.

Do programa do dia constaram ainda momentos culturais e de convívio, visando conhecer melhor a realidade do país e incrementar as ligações institucionais e afetivas que unem os diferentes países e as suas delegações.

No último dia de trabalho da 104.ª Assembleia Geral do CEEC (Comité Europeu do Ensino Católico) foram dadas informações sobre um projeto da iniciativa do Papa Francisco, com a colaboração da diocese de Marselha, e levado a cabo por países “unidos” pelo Mar Mediterrâneo. Com esta série de ações, começada em 2013, pretende-se incrementar o diálogo interrreligioso, construir pontes e resolver, em conjunto, os muitos problemas existentes. Neste desafio, o Papa conta muito com a criatividade e o compromisso dos jovens. Nesta senda da paz e da fraternidade, as escolas católicas dos países fronteiriços têm dado um precioso contributo.

Pela Eslovénia foi apresentado o projeto IMANARE que incentiva os governos a desenvolverem políticas educativas (e outras) de acordo com os princípios cristãos.

Finalmente, refletiu-se sobre as perspetivas para o futuro do CEEC, apresentando-se um novo modelo de organização, que será apoiado nos dados de um inquérito cujo conteúdo foi discutido em pequenos grupos.

No final do dia, em Durrës (junto ao Mar Adriático), foi celebrada Missa na igreja de Sainte-Lucie,  presidida pelo arcebispo da arquidiocese de Tirana-Durrës, D. Arjan Dodaj.

A próxima Assembleia Geral realiza-se em Londres, em 10 e 11 de outubro, precedida de um simpósio, no dia 9, comemorativo do 60.º aniversário da Gravissimum Educationis.

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