Jorge Cotovio
A Escola Católica, a par com outras escolas privadas e a escola estatal, é imprescindível para a sociedade. Ela marca a diferença, como resposta aos anseios mais profundos da pessoa humana.
Numa recente reunião das escolas católicas europeias, foi-nos desafiado refletir em grupo sobre esta questão: “Que seria de cada país (e da Europa) se todas as escolas católicas encerrassem”.
A primeira resposta que me ocorreu foi esta: “Havia, certamente, no meu país, um colapso do Sistema Educativo. Onde é que o Estado iria colocar, de um momento para o outro, mais de 65 mil alunos, desde as crianças da creche e do pré-escolar até aos jovens do 12.º ano (qualquer coisa como umas 2500 turmas)? E perante o argumento habitual de não haver dinheiro para subsidiar o ensino privado, como é que o Estado assumiria o encargo anual acrescido, de nunca menos de 300 milhões de euros, para sustentar estes alunos nas escolas estatais? (Sim, é importante divulgar quanto as escolas católicas, por falta de financiamento estatal, poupam ao erário público…).
Mas, como nem só de aspetos materiais vivem os seres humanos, outras respostas, quiçá bem mais importantes do que esta, me ocorreram: não havendo escolas católicas, as famílias e a sociedade deixavam de ter uma educação de qualidade assente em princípios evangélicos, onde sobressai o respeito, o acolhimento, a tolerância, a inclusão, o perdão. Sem escolas católicas, as famílias deixavam de ter a possibilidade de optar por um projeto diferente do oferecido pela “escola pública” – por natureza, neutra e sujeita a condicionalismos impostos pela tutela. A sociedade perdia a oportunidade de disponibilizar um leque mais plural de projetos e de proporcionar aos seus membros dimensões da pessoa que não se esgotam no físico, no corpo, no visível, no imanente, mas que se projetam para o metafísico, para o espírito, para o que existe e não se vê, para o transcendente.
Reconhecendo o alto valor das escolas católicas e o papel insubstituível que exercem na sociedade, os bispos portugueses publicaram recentemente uma «Mensagem às escolas católicas a propósito dos 25 anos da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC)». Congratulam-se por uma história secular ímpar (foi no seio da Igreja que se construiu a escola que hoje temos), saúdam os alunos, os educadores docentes e não docentes, as congregações religiosas e os pais, esperando que estes possam ter a possibilidade de escolher uma escola católica sem entraves financeiros – para que ela possa acolher todos, privilegiando os mais desfavorecidos.
E na esteira do Papa Francisco, convocam todos para a construção do “Pacto Educativo Global”, promovendo a articulação harmoniosa dos atores educativos, em torno da “pessoa”.
É precisamente deste Pacto Educativo que a APEC, ao celebrar os seus 25 anos de existência, quer falar no II Congresso Nacional da Escola Católica, a realizar em 10 e 11 de outubro próximo. Por entre conferências, painéis, exposições e momentos culturais, vai refletir-se sobre os sete compromissos deste Pacto: (i) colocar a pessoa no centro; (ii) ouvir as gerações mais novas (iii) promover a mulher; (iv) responsabilizar a família; (v) abrir-se ao acolhimento (inclusão); (vi) renovar a economia e a política; (vii) cuidar da “casa comum”.
Não há dúvida. A Escola Católica, a par com outras escolas privadas e a escola estatal, é imprescindível para a sociedade. Ela marca a diferença, como resposta aos anseios mais profundos da pessoa humana, “abrindo-a à sua vocação de transcendência”, como dizem os nossos bispos na sua recente mensagem.
Celebra-se, hoje, 9 de Maio, o “Dia Mundial da Educação Católica”. Façamos um tributo aos 70 milhões de alunos (e suas famílias) que frequentam para cima de 210 mil escolas católicas, com os seus milhares de educadores docentes e não docentes.
E recordemos, particularmente, os alunos das 1700 escolas ucranianas destruídas desde o início da guerra.
Para que todas as escolas, de todos os países do mundo, vivam e promovam a paz.