Recentemente publicada, a Exortação Apostólica “Cristo Vive” também fala de alguns desafios que se colocam presentemente à Escola Católica, tais como a sua abertura ao mundo real, de modo a preparar os alunos para a vida concreta, tendo como referência as propostas religiosas e morais recebidas. O Papa Francisco também destaca o caráter essencial da EC, como “espaço de evangelização dos jovens”. Vale, pois, a pena ler e interiorizar mais este excelente documento do Magistério da Igreja. (aqui na integra)
A pastoral das instituições educacionais
221. A escola é, sem dúvida, uma plataforma para nos aproximarmos das crianças e dos jovens. Trata-se de um lugar privilegiado de promoção da pessoa e, por isso, a comunidade cristã sempre lhe dedicou grande atenção, quer formando professores e diretores, quer instituindo escolas próprias, de todo o género e grau. Neste campo, o Espírito tem suscitado inúmeros carismas e testemunhos de santidade. Contudo a escola precisa duma urgente autocrítica; basta olhar os resultados da pastoral de muitas instituições educacionais: uma pastoral concentrada na instrução religiosa que, frequentemente, se mostra incapaz de suscitar experiências de fé duradouras. Além disso, existem algumas escolas católicas que parecem organizadas apenas para conservar a situação presente. A fobia da mudança torna-as incapazes de suportar a incerteza, impelindo-as a retrair-se perante os perigos, reais ou imaginários, que toda a mudança acarreta consigo. A escola transformada num «bunker», que protege dos erros «de fora»: tal é a caricatura desta tendência. Esta imagem reflete de maneira chocante aquilo que experimentam inúmeros jovens na hora da sua saída de alguns estabelecimentos de ensino: um desfasamento insanável entre o que lhes ensinaram e o mundo onde lhes cabe viver. As próprias propostas religiosas e morais recebidas não os prepararam para confrontá-las com um mundo que as ridiculariza, e não aprenderam formas de rezar e viver a fé que se possam facilmente sustentar no meio do ritmo desta sociedade. Na realidade, uma das maiores alegrias dum educador é ver um aluno constituir-se como uma pessoa forte, integrada, protagonista e capaz de se doar.
222. A escola católica continua a ser essencial como espaço de evangelização dos jovens. É importante ter presente alguns critérios inspiradores, indicados na Constituição Apostólica Veritatis gaudium em ordem a uma renovação e relançamento das escolas e universidades «em saída» missionária, tais como a experiência do querigma, o diálogo a todos os níveis, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, a promoção da cultura do encontro, a necessidade urgente de «criar rede» e a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e abandona; e também a capacidade de integrar os saberes da cabeça, do coração e das mãos.
Fotografia – Vatican News